Planejar o seu caminho é importante, mas estar aberto a mudanças é fundamental
Quantas vezes você já se pegou planejando algo? Uma viagem, um dia com os amigos, um projeto… E quantas vezes esse planejamento não seguiu o roteiro e mudanças repentinas aconteceram? E tudo que cabe a nós é nos adequar às mudanças.
No Caminho isso não é diferente. Em 2017, na minha segunda vez no Caminho de Santiago e a primeira de fato caminhando, a etapa inicial já me apresentou os primeiros desafios.
Essa primeira etapa, de 27 quilômetros, atravessa os Pirineus. A maioria do percurso consiste em intermináveis subidas íngremes. Assim, logo nos primeiros quilômetros, comecei a me incomodar com o peso da mochila nas costas, e toda a euforia inicial deu espaço para a preocupação.
Já previa a dificuldade de carregar a mochila com roupas e equipamentos, pois o seu peso estava bem acima dos nove quilos recomendados para meu porte físico. O que eu não esperava era que os dezesseis quilos iriam incomodar tão rápido, abalando meu psicológico.
O primeiro trecho, íngreme e ainda em asfalto, foi de muita apreensão. Nem a natureza deslumbrante do lugar me deixou menos apreensivo. Fui adequando a caminhada com o peso nas costas e sincronizando a respiração ao tamanho das passadas.
Continuei assim por aproximadamente sete quilômetros até chegar ao Albergue A La Champagne no Refugio de Huntto. Foi uma pausa providencial, já que eu não tinha nada pra comer na mochila e minha água já estava acabando.
Por mais que eu tivesse criado o meu planejamento e já estivesse habituado a longas caminhadas em montanhas, essa preocupação já me rendeu uma mudança logo de cara.
E como sempre digo, somos responsáveis por nossas escolhas. Escolhi fazer o caminho com o peso maior que o indicado e sabia que precisaria me adaptar a isso.
A mente humana não está habituada a desafios e nos incita a desistir na primeira dificuldade encontrada. Mas como seres plenos e que buscam a evolução e autoconhecimento, precisamos aprender a nos adaptar aos percalços dos nossos caminhos e seguir o planejamento de acordo com o que vai acontecendo na trajetória.
Por isso, é preciso definir o propósito que nos move. Esse é o primeiro passo para a busca de novas realizações. É o propósito que gera energia e nos dá força para sair da zona de conforto e vencer os desafios que sempre cruzam nossos caminhos.
Qualquer jornada peregrina pede cautela portanto, planeje-se, mas esteja ainda mais disposto a encarar de frente as mudanças que lhe são apresentadas. Essas mudanças nos somam muitos aprendizados. Portanto, mesmo que algo não saia como planejado, esteja sempre disposto a seguir em busca do seu objetivo.