Marcha do Sal – 16 dias de peregrinação na Índia

7 de fevereiro de 2023 Antonio JR

Marcha do Sal: 16 dias de peregrinação na Índia

A Marcha do Sal, na Índia, é uma das rotas de peregrinação mais conhecidas em todo o mundo, obviamente, pelo fator histórico que tem tamanha representatividade para o país, mas também por ter sido realizado por um ícone, um verdadeiro mestre, como designaram Gandhi, que levou uma mensagem simbólica a todo o mundo.

E se você acha impossível realizar a rota, aqui estão alguns fatos que podem fazer você mudar de opinião.

A caminhada pela Marcha do Sal

A rota da Marcha do Sal na Índia tem cerca de 400 quilômetros por um trajeto que passa em meio a diversas cidades e campos, que vai de Sabarmati até a praia de Dandi.

É um caminho relativamente fácil de ser feito, pois não há terrenos inclinados e boa parte segue por ruas asfaltadas. Nesse caso, o que dificulta a caminhada é o calor excessivo e, portanto, é indispensável que nós, peregrinos, tenhamos bastante cuidado com a hidratação e a saúde de uma forma geral.

As etapas

Gandhi tinha 61 anos quando em 12 de março de 1930 começou a Marcha do Sal, conhecida na Índia por Dandi Path. Assim, da cidade de Sabarmati até Dandi, Mahatma Gandhi ficou em 21 lugares históricos. 

Seguindo o mesmo percurso que Gandhi fez, para concluir as 21 etapas da peregrinação, é possível caminhar uma média de 17 quilômetros por dia. 

  • De Sabarmati até Aslali
  • Aslali até Navagam
  • Navagam até Matar
  • Matar até Nadiad
  • Nadiad até Anand
  • Anand até Borsad
  • Borsad até Kankapura
  • Kankapura até Kareli
  • Kareli até Ankhi
  • Ankhi até Amod
  • Amod até Samni
  • Samni até Derol
  • Derol até Ankleshwar
  • Ankleshwar até Mangrol
  • Mangrol até Umrachi
  • Umrachi até Bhaatgam
  • Bhaatgam até Delad
  • Chhaprabhatha até Vanz
  • Vanz até Dhaman
  • Dhaman até Matvad
  • Matvad até Dandi

Marcha do Sal em 16 dias

Para realizar a rota em 16 dias, a média de caminhada por dia fica em torno de 25 quilômetros, o que pode ser um grande desafio nas épocas mais quentes do ano.

Assim, reorganizando a rota e dividindo-a em 16 etapas, a peregrinação pode ser realizada dessa forma:

  • De Sabarmati até Aslali
  • Aslali até Matar
  • Matar até Nadiad
  • Nadiad até Anand
  • Anand até Borsad
  • Borsad até Kankapura (Kankapura até Kareli atravessando rio de carro)
  • Kareli até Amod
  • Amod até Derol
  • Derol até Baruch
  • Baruch até Sayod
  • Sayod até Umrachi
  • Umrachi até Sandhier
  • Sandhier até Surat
  • Surat até Dhaman
  • Dhaman até Vejolpore
  • Vejalpore até Dandi

Alimentação e hospedagem na Índia

Durante a peregrinação, principalmente nos primeiros dias, foi difícil me adaptar à culinária indiana, que é bem carregada de iguarias e temperos fortes. Isso interfere totalmente na alimentação, um fator importantíssimo durante a caminhada.

Me foi muito recomendado não comer comida na rua, ou tentar escolher melhor os locais onde eu iria me alimentar, justamente para não ter algum problema intestinal, desidratação ou problemas mais sérios que impedissem a caminhada.

Nesse processo de escolha não há muito o que fazer. Confesso que não tive problema algum relacionado à alimentação em si. Escolhi os locais para almoço ou jantar sempre que era possível, não comi em nenhuma barraca de rua a não ser frutas que eu higienizava com álcool e água mineral.

Recomendo o mesmo. Cuidado com a água e alimentação. Evite comida de rua ou água que não seja a mineral. Realmente as condições são diferentes das nossas e podemos adquirir algo que pode colocar a viagem ou jornada em risco.

O fato deles serem vegetariano, dificultou o meu acesso à carne e somente em três oportunidades eu comi carne de frango. O restante dos dias tentei abusar do ovo e legumes. A pimenta foi um problema a parte. Não sou acostumado com pimenta e sinceramente não curto comida apimentada. Mas lá é difícil comer algo que não contenha pimenta, ou condimento demais.

Comecei a fotografar os pratos que e os nomes que davam certo, e o idioma dificultou muito nesse momento pois eu tinha que ser específico e com a dificuldade de me comunicar não conseguia ser preciso.

Quanto à hospedagem, os locais em que fiquei foram bem simples, mas sempre muito acolhedores. A hospitalidade e preocupação dos indianos com os caminhantes que passam pela rota é realmente algo marcante.

Eu tentei experimentar de tudo quando se trata de hospedagens. Fiquei em resort (que foi minha única opção, diga-se de passagem), hotéis, desde muito simples até mais organizados e com estrutura, casa de nativo e os Ashrans, que dão estrutura ao caminho e estão espalhado por grande parte do caminho. São 16 no total e todos com estrutura semelhante – muito simples, como tinha de ser, mas com boa estrutura e custo muito baixo. A Marcha do Sal em geral tem os custos muito baixos em todos os aspectos.

Enfim, desde que comecei a caminhar em peregrinação, descobri trajetos que me trouxeram um amontoado de experiências. Na Índia, além das experiências, peregrinar pela Marcha do Sal me trouxe também inúmeras reflexões e muito conhecimento.

O fator história contribui muito para essa experiência, mas a ligação entre caminhada, mente e espírito é que transforma a peregrinação em algo ainda mais simbólico e transformador.

No livro Marcha do Sal eu conto com mais detalhes as experiências mais marcantes através de histórias e fotos que registrei nesses 16 dias de peregrinação na Marcha do Sal. Saiba mais sobre o livro aqui. LIVRO DA MARCHA DO SAL

 

Livros do Autor - Antonio Jr.

Livro Fotográfico Caminho Santiago Livro Fotográfico Via Francigena Livro O Segundo Chamado Livro Fotográfico Marcha do Sal

 

 

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Antonio JR

Sou um amante da natureza e de esportes outdoor. Corredor de montanha, sou um aficionado por trilhas e terrenos acidentados. Tenho um carinho por tudo que envolve arte e a música é outra atividade que me libera endorfina. Um apaixonado pelo mundo, acredito no poder transformador de cada viagem e com elas adquiro vivência e experiência para minha vida.

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