Qualquer mudança que você deseja promover na sua vida, seja uma transição voluntária (aquela que parte de um desejo seu por entender que certas mudanças são necessárias para melhorar a vida), seja involuntária (quando algo externo acontece e que nos obriga a mudar o caminho da vida, como: a perda de um emprego, a morte de uma pessoa querida e próxima ou o término de um relacionamento de anos).
O despertar pode acontecer de “n” maneiras, porém as mudanças acontecem como numa peregrinação: aos poucos, passo a passo. Caminhar por mais de 800 quilômetros no Caminho de Santiago é uma jornada que pode dar a você a oportunidade de enxergar a vida com outros olhos.
Eu diria, assim como todos os peregrinos que conheço, que, independentemente de onde você inicia o caminho e de quantos quilômetros você percorre, esse caminho percorre você! Puro clichê verdadeiro! E quando você tem a oportunidade de pisar numa peregrinação de fato, o caminho como um todo é o início e o entendimento que sempre teremos que nos transformar, que o autoconhecimento nunca acaba e que esse exercício é diário e eterno.
Meu primeiro Caminho não foi algo que mudou radicalmente minha vida. Nele, eu só tive alguns “choques” de entendimento. Talvez, pela situação que eu estava vivendo, isso aconteceu. No meu mundo cheio de ruídos e interferências externas, talvez não teria notado.
Voltei com muitos desejos, todavia, mesmo assim, continuar com os primeiros passos não é tão simples. Eu usei, e uso, a peregrinação como instrumento de transformação por todo trabalho físico e mental que tenho que disponibilizar. Face ao novo, inusitado, desafiador, eu me vejo como uma esponja de novas possibilidades e conflitos, que, certamente, me trazem desconforto antes de um momento de crescimento e realização.
Muitos encontram o amor da vida no Caminho. Outros parecem receber uma graça ou milagre. Comigo não foi assim, mas nem por isso pouco intenso. Notava que “era preciso mudar!”
Ele me trouxe mudanças sutis, no entanto profundas. A confiança que você adquire depois de superar passo a passo toda a jornada é um instrumento essencial para seguir adiante na busca por novos padrões e valores de vida. Esse poder é antagônico, uma vez que nos mostra exatamente a impotência que temos sobre o mundo e a pequenez que representamos no mundo.
Uma jornada que testa seu corpo fortalece sua mente e enriquece a alma. Colocar o corpo à prova, permitir que seus pensamentos batam asas e, no fim, sentir que toda essa estrutura se encontra leve como pluma é uma experiência enriquecedora.
O Caminho pode fazer muito por você. Se você já o fez, imagino que concorde comigo, pois a maioria dos peregrinos sentem-se transformados em seu retorno para as casas.
Foi necessário, entretanto não foi agradável. Agradável é a sensação de ter vivido e aprendido com ele. Seria como quem subisse o Everest e perdesse dois dedos dos pés. Sensação nada agradável e dolorosa, mas incrivelmente única e reveladora.
As bolhas me acompanharam e doeram muito. Foi um sofrimento que entendi como paulada em minha arrogância e imprudência. Todavia, a principal descoberta foi a minha espiritualidade, que tratou de deixar a ansiedade em local controlável e me fez permitir o novo, viver e buscar novas nuanças para a minha vida.
E, desse modo, eu voltei para casa. Assim, eu regressei novamente. E, de lá para cá, tanto as minhas peregrinações quanto minhas buscas não cessaram. Pelo visto, elas serão eternas.
O Caminho foi uma descoberta agradável, mas as descobertas, não. Para ser claro, foi muito difícil lidar com meus fardos, mais difícil do que toda carga que levamos no caminho e as montanhas que temos que transpor.
Porém, aqui nesse post, eu queria destacar algumas mudanças ou benefícios que o Caminho de Santiago pode oferecer a você:
#1 – Vamos falar de riqueza histórica e tradição
O Caminho de Santiago tem uma história que contagia mesmo sendo um itinerário cristão, é um caminho para todos, independentemente da religião. Um dos motivos que leva milhares de peregrinos a percorrer essas centenas de quilômetros rumo a Santiago de Compostela é a sua tradição e rica história.
Uma experiência que vale cada passo se você tiver com sua mente e coração abertos. E isso envolve pesquisas sobre o trajeto, as histórias de peregrinos e, claro, a história do próprio caminho. O Caminho de Santiago é milenar e possui uma história com detalhes que nos fascinam.
A própria evolução da maneira de peregrinar já nos dá uma ideia do número de pessoas que tiveram suas vidas transformadas por lá.
Belíssimas igrejas, vilarejos medievais, pontos emblemáticos, peregrinos e peregrinas com suas próprias histórias e rituais que nos deixam envolvidos. Isso e muito mais poderão fazer com que você veja mais do que os seus próprios olhos.
#2 – Fortalecimento mental
Não posso deixar de dizer que a questão física não precisa ser levada em conta. Mas você pode se preparar melhor para que seu corpo aguente. De qualquer maneira, você também tem a premissa de fazer a quantidade de quilômetros que seu corpo permitir. Isso ameniza possíveis problemas com relação ao corpo.
Por isso, o Caminho pode ser para todas as pessoas independentemente de sexo ou idade. Basta que faça um bom planejamento e entenda seus limites.
Agora, a mente é outro departamento. Não temos como nos preparar para o que vamos encontrar lá. Não há como condicionar nossa mente para não sentir saudades. Não conseguimos prever como o Caminho irá se estabelecer nos nossos pensamentos.
Uma coisa é certa: todo esse movimento nos tira da zona de conforto.
Partimos para uma zona nova, de aprendizado, mas antes passando pela zona do medo. O inesperado também deixa suas marcas e acabamos ficando ansiosos e com medo de como reagiremos a essa experiência única.
A recompensa não é o destino final. A Catedral de Santiago de Compostela é somente um troféu que o(a) lembrará de tudo que você vivenciou dando cada passo da jornada. Ao final, você terá entendido que o Caminho é uma metáfora da vida real e que, nele, você pode evoluir e ter uma experiência que liberta e que isso também é possível ser feito na sua “vida real”.
#3 – O repetido ritual de caminhar mostra muito sobre você
Independente se você está sozinho ou acompanhado, se passa cinco, seis ou sete horas caminhando, esse ritual rotineiro o(a) faz quase que obrigatoriamente a olhar para dentro de si.
É claro que, quanto mais dias caminhando, maior é seu envolvimento com o Caminho. No entanto, isso não pode ser um fator que atrapalhada. Siga com o tempo que for possível:
acordar cedo todos os dias; em alguns dias, o nascer do Sol propicia “darmos de cara com alguns fantasmas”. Um desafio que mexe com sua mente antes de você conseguir ir colocando as coisas em ordem. Esse contato constante com o que temos de bom e ruim revela muito sobre nós mesmos.
#4 – Aprendemos a ser pessoas melhores
Saber mais sobre nós mesmos tem um lado muito valoroso: percebemos o quanto envolvidos estamos com nossos valores e como esses valores refletem em nossa vida, seja na integração com o meio, seja com as pessoas que estão próximas.
Durante a peregrinação, vamos mexendo com as peças de um jogo que não tem vencedor. Nesse jogo, quanto melhor sou, mais eu, os outros e o mundo ganham.
Agora você: conta-me qual experiência de vida o(a) fez dar início a alguma transformação. Não se prive de dizer pensando que não seja tão grande. Toda mudança de chave é igualmente importante na vida humana.
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Sou um amante da natureza e de esportes outdoor. Corredor de montanha, sou um aficionado por trilhas e terrenos acidentados. Tenho um carinho por tudo que envolve arte e a música é outra atividade que me libera endorfina. Um apaixonado pelo mundo, acredito no poder transformador de cada viagem e com elas adquiro vivência e experiência para minha vida.
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Mário Prates
Me encontro ao caminhar…
Antonio JR
Eu também me encontro, independente da distancia caminhada.! obrigado pela mensagem !!!!